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Discurso na Solenidade de Abertura do Congresso Mundial UNIAPAC

DISCURSO NA SOLENIDADE DE ABERTURA

BELO HORIZONTE 30/09 A O2//10/2015


Saúdo os amigos da FIEMG e parceiros neste Congresso e Seminário, em especial o SESI Diretoria Regional e sua equipe


Aqui é necessário reconhecer e agradecer a confiança e o apoio do Presidente Olavo Machado Junior que permitiu a união de esforços da ADCE/UNIAPAC com a FIEMG para a realização deste evento


Saúdo em especial o Presidente da UNIAPAC Internacional, José Maria Simone, em nome de quem cumprimento todos os companheiros da UNIAPAC aqui presentes, representando 21 países


Saúdo os colegas da ADCE UNIAPAC Brasil nas pessoas dos Presidentes Sérgio Frade – ADCE MG, Gigi Cavalieri – ADCE SP, René Ferreira – ADCE Porto Alegre, …..


Nosso agradecimento pelo apoio recebido de nossos patrocinadores, Sebrae, Conselho Nacional do SESI, Banco Santander, CBMM, Itambé, CCPR, Samarco, ALE, Telbrax, DL e nossos apoiadores que somam mais de 30 empresas, comprovando o grau de adesão e comprometimento do empresariado brasileiro para a causa do Bem Comum, tema principal deste evento


Senhoras e Senhores, boa noite


Esta é uma noite muito especial e de grande júbilo para a ADCE UNIAPAC Brasil. Chegamos ao momento da abertura do tão esperado Congresso Mundial da UNIAPAC. Pela primeira vez o Brasil recebe um Congresso Mundial da UNIAPAC, uma honra, mas também enorme responsabilidade.


Desde o Congresso anterior realizado em Lyon na França em 2012, quando Belo Horizonte foi escolhida para sediar o XXV Congresso Mundial da UNIAPAC, trabalhamos arduamente para que este evento seja um marco na história da entidade.


A UNIAPAC Internacioanl, fundada por dirigentes católicos na Bélgica em 1931, é a primeira, mais tradicional e mais respeitada associação no mundo que trata exclusivamente do tema da Responsabilidade Social Empresarial. Atualmente presente em 37 países e com cerca de 20.000 associados é também a maior entidade do mundo nesta área.


Já a ADCE UNIAPAC Brasil foi fundada em 1961 por empresários paulistas e hoje está presente em seis estados com mais de 3.000 associados. Seu objetivo é levar os valores cristãos para o meio empresarial, formando e conscientizando dirigentes para uma forma de gestão humana, mais espiritualizada e uma atitude mais amorosa com o mundo, pois a sociedade moderna lhes impõe responsabilidades que vão muito além de gerar lucro. Como líderes empresariais devem batalhar para o sucesso das suas empresas, mas precisam contribuir para uma economia sustentável, inclusiva, garantir a prosperidade da sociedade, a dignidade do ser humano e construir um mundo melhor.


ADCE UNIAPAC Brasil, UNIAPAC Internacional e a FIEMG têm o prazer de receber as Senhoras e Senhores para este grande evento que foi planejado e organizado com muito esmero, sensibilidade e ousadia, trazendo à tona um tema contemporâneo e desafiador: Como fazer com que os três setores, empresas, governo e sociedade civil trabalhem juntos, e mais, cooperem em prol do Bem Comum. O título do Congresso expõe o desejo dos organizadores de provocar a discussão sobre o assunto e a coragem para instigar mudanças com o objetivo de se alcançar os princípios mais básicos e elementares da vida do homem sobre o planeta: a dignidade do ser humano e o Bem Comum.


O progresso tecnológico e econômico nos últimos séculos da história mundial foi fantástico. Aumentamos a expectativa de vida, o PIB mundial, a renda per capita, o grau de escolaridade, vencemos a teoria malthusiana que previa a catástrofe da falta de alimentos para a população, reduzimos a pobreza, conquistamos o espaço, e fizemos a revolução da tecnologia da comunicação. Este avanço só foi possível graças ao trabalho humano, que na maioria das vezes se realiza no âmbito de uma empresa, organizado por um empreendedor, que com ousadia decide correr riscos para gerar conhecimento, novos produtos, serviços, riqueza.


No entanto todo este formidável desenvolvimento não foi suficiente para solucionar os problemas mundiais, e acabamos por acumular inúmeros outros, talvez mais graves e mais complexos.


A fragmentação social, a concentração da riqueza, os excluídos, novas formas de agressividade social, o caos urbano das grandes metrópoles, a financeirização da economia, a idolatria do dinheiro, o consumismo e a cultura do descarte, o uso descontrolado dos recursos naturais, a poluição, a mudança climática e suas consequências, os conflitos étnicos e religiosos, o drama dos emigrantes, mostram que o progresso científico, tecnológico e econômico sem precedentes dos últimos dois séculos, foram incapazes de garantir a paz e uma qualidade de vida razoável para todos os seres humanos sobre o planeta, além de colocar em risco sua própria sobrevivência, pela degradação ambiental da terra, a nossa casa comum.


Deixamos para trás a era industrial e entramos na era da comunicação que traz no seu bojo muitas coisas boas, mas novas questões como a “a globalização da indiferença”, denunciada pelo Papa Francisco.


Na sua homilia na Ilha de Lampeduza, em julho de 2013, quando foi ver de perto a tragédia dos emigrantes mortos no Mediterrâneo que tentavam chegar à Europa, Papa Francisco alertou “a cultura do bem-estar, que nos leva a pensar em nós mesmos, nos torna insensíveis aos gritos dos outros, leva à indiferença a respeito dos outros, leva à globalização da indiferença. Habituamo-nos ao sofrimento do outro, não nos diz respeito, não nos interessa, não é nossa responsabilidade!


O Papa Bento XXVI discursando para o Corpo Diplomático na Santa Sé em 2007 fez o convite para se “eliminar as causas estruturais das disfunções da economia mundial e corrigir modelos de crescimento que são insuficientes para garantir o respeito ao meio ambiente e a qualidade de vida de grande parte da humanidade”.


No Brasil, ideologias ultrapassadas, políticas e decisões equivocadas, a dramática crise moral e ética com atos de corrupção sem precedentes envolvendo políticos, servidores públicos e empresários, levaram o país a uma profunda crise econômica, com desequilíbrio fiscal, inflação, elevação da taxa de juros, volatilidade monetária e recessão. Estes fatores são seriamente agravados pelo embate político entre partidos que compõe a própria base governista, que disputam o poder e esquecem o servir, criam um vácuo de liderança que leva à falta de confiança e coloca o país momentaneamente sem perspectivas de uma saída para a crise. Os investimentos públicos e privados reduziram drasticamente, causando desemprego, redução da renda, do consumo e, o pior, o esgarçamento do tecido social, com baixa estima, desmotivação, tristeza e desesperança.


É importante ressaltar a contemporaneidade deste Congresso e Seminário, não só com relação ao momento que o Brasil passa, mas em termos mundiais no espectro das discussões e desafios globais atuais, como os graves alertas da Encíclica “Laudato si” do Papa Francisco lançada em junho deste ano, a Assembleia Geral da ONU realizada há poucos dias, quando foram lançados os Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 2015 – 2030, e a Conferência do Clima que acontecerá em Paris em dezembro deste ano.


A ADCE/UNIAPAC ao longo dos seus 84 anos de existência, em diferentes momentos da história, globalmente e em cada país que se faz presente, tem contribuído com estudos, reflexões, discussões e propostas concretas para a solução dos problemas da sociedade, sempre à luz do ensinamento social cristão. Podemos citar trabalhos mais recentes como o livro “Rentabilidade dos Valores”, o “Protocolo de Responsabilidade Social Centrado na Pessoa Humana”, documentos como a série “Opiniões”, “Prosperidade para Todos”, e o livro “Respeito em Ação – a subsidiariedade aplicada nos negócios”, livro que será lançado durante este Congresso.


No Brasil a ADCE, ainda na década de 60, trouxe os conceitos da responsabilidade social para o meio empresarial, nos anos 70 o Balanço Social, e promoveu centenas de congressos, encontros, fóruns, cursos para sensibilizar e capacitar empreendedores nos valores apresentados pelo ensinamento social cristão, visando uma gestão humanizada e incentivando que dirigentes tenham como objetivo maior da sua atuação empresarial a dignidade do ser humano e o Bem Comum. Atualmente seu principal programa, que tem alcance nacional, é o Empresa com Valores conduzido em parceria com a CNBB.


Somos otimistas. Acreditamos e confiamos nas pessoas e na humanidade.


Nossa expectativa é que o Congresso e Seminário produzam efeitos além da 6ª feira, quando se encerra, que deixe um legado, que provoque nas pessoas o ímpeto por ações efetivas. Esperamos que o conhecimento e a experiência aportados nestes três dias por 35 palestrantes brasileiros e estrangeiros, de várias partes do mundo, especialistas, estudiosos, políticos, sacerdotes, empreendedores, mexa com cabeças, almas e corações, para que ao final cada um dos aqui presentes tenha a coragem de contradizer o Papa Francisco e afirmar, sim, sou sensível ao outro, sim, a responsabilidade é minha, sim me empenharei desde aonde atuo para fazer com que os três setores cooperem e trabalhem juntos em prol do Bem Comum.



Senhoras e senhores: o parágrafo 385 do Documento de Aparecida, escrito durante a V Conferência Geral dos Bispos da América Latina e Caribe, realizada em Aparecida em maio de 2007, expressa a crença profunda dos membros da ADCE e da UNIAPAC ao registrar:


“Sem valores não há futuro, e não haverá outras estruturas salvadoras, visto que nelas sempre subjaz a fragilidade humana”.


Amor, solidariedade, subsidiariedade, fraternidade, caridade, respeito, sobriedade, humildade, liberdade, justiça, fé, espiritualidade são ingredientes fundamentais para a solução dos graves problemas da sociedade moderna e a busca do Bem Comum


Muito obrigado.




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